Inovação aberta: desenvolvimento de soluções sustentáveis através da colaboração

  • By Sobre a Domino
  • maio 15, 2023
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Como sociedade, enfrentamos um desafio único que não pode ser resolvido de forma isolada. A trajetória para o desenvolvimento sustentável implica enfrentar muitos desafios económicos, sociais e ambientais. Em contrapartida, isto exige um esforço coordenado e a colaboração com várias partes interessadas, com objetivos a curto prazo potencialmente concorrentes, para que o crescimento e a inovação numa área não causem um impacto negativo imprevisto noutra.

Este aspeto torna-se particularmente evidente no desenvolvimento de soluções de embalagens sustentáveis, que exige a colaboração de toda a cadeia de valor, desde fabricantes, fornecedores de embalagens, fornecedores de codificação e marcação, retalhistas, utilizadores finais e empresas de desperdício e reciclagem. Embora as partes interessadas, neste vasto ecossistema, possuam os seus próprios conhecimentos especializados, as empresas precisam de ir além da inovação "local" para abranger a complexidade, a escala, a padronização e a mudança de comportamento, se quisermos abordar um problema a nível do sistema, como refere Lee Metters, Group Business Development Director, da Domino Printing Sciences.

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O paradoxo da sustentabilidade

No artigo "The Facets of the Sustainability Paradox"[i], Argento, Broccardo e Truant descrevem a forma como, mesmo no seio de uma única organização, existem diferentes interpretações do termo "sustentabilidade", dependendo da função e das perceções de cada pessoa. Argumentam que estas interpretações têm impacto na forma como a sustentabilidade é implementada e monitorizada e destacam a importância de estabelecer um entendimento comum e uma expectativa partilhada das três facetas da sustentabilidade: financeira, social e ambiental.

Imaginemos que o conceito de sustentabilidade apresenta desafios apenas numa única organização. Nesse caso, é evidente que, a um nível macro, o desenvolvimento de soluções para embalagens sustentáveis exigirá uma colaboração mais ampla, por várias razões:

Complexidade: A indústria das embalagens é complexa, englobando fabricantes, fornecedores, retalhistas, consumidores e empresas de reciclagem. Para desenvolver soluções sustentáveis, todos estes intervenientes têm de trabalhar rumo a um objetivo comum, o que representa um desafio, pois grande parte da eficácia dos esforços individuais está fora do controlo direto das empresas. Por exemplo, embora se espere, cada vez mais, que as marcas assumam a responsabilidade pelas embalagens que colocam no mercado, estas têm pouco ou nenhum controlo sobre o desperdício e as práticas de reciclagem ou o comportamento do consumidor após a compra.

Padronização: As embalagens sustentáveis exigem uma mudança em toda a indústria de embalagens no sentido da utilização de materiais mais ecológicos, o que torna necessária uma padronização em toda a indústria. Sem a colaboração e uma concordância sobre o significado de embalagens sustentáveis e o modo como devem ser alcançadas, existe o risco de confusão, duplicação de esforços e mensagens contraditórias.

São também necessários um entendimento e uma concordância mais abrangentes sobre a definição de sustentabilidade. Como afirma Dominic Oughton, Principal Industrial Fellow, Institute for Manufacturing, Universidade de Cambridge, e líder do Open Innovation Forum: "Os retalhistas têm assumido a missão de reduzir a utilização de embalagens de plástico, o que é, evidentemente, uma iniciativa louvável, mas que tem de ser ponderada face ao potencial impacto no desperdício alimentar e no custo do carbono dos compostos orgânicos voláteis (COV) nos alimentos, que é em grande parte invisível. O esforço global de sustentabilidade fica comprometido quando uma decisão de poupar 10 gramas de embalagem pode muito bem eliminar um quilo de fruta."

Escala: A indústria das embalagens é vasta e global, e a obtenção de embalagens sustentáveis à escala é um desafio significativo que exige a colaboração entre diferentes regiões e partes interessadas. A colaboração ajuda as organizações a partilharem as melhores práticas, a potencializarem economias de escala e a impulsionarem a inovação.

Comportamento do consumidor: Os consumidores desempenham um papel essencial no sucesso das embalagens sustentáveis. Têm de estar cientes da sua importância, de saber como reciclar e eliminar as embalagens e de estar dispostos a pagar por embalagens sustentáveis. A colaboração entre os participantes da indústria e outras partes interessadas, como os governos e as ONG, pode ajudar a educar e a incentivar os consumidores a adotarem comportamentos mais sustentáveis.

O que é inovação aberta?

A inovação aberta é uma mentalidade aberta à partilha e à receção de informações, bem como à colaboração com pessoas, empresas e instituições, no sentido de promover o progresso de objetivos comuns. Traduz-se na partilha de conhecimentos e informações sobre problemas e na busca de soluções e sugestões fora de uma única empresa ou organização.

O conceito de inovação aberta pode ser contrário à prática empresarial tradicional. O conhecimento e a experiência internos são normalmente considerados um fator de diferenciação competitivo ou propriedade intelectual e a inovação mantém-se secreta e bem guardada. No entanto, a inovação aberta é crucial para o desenvolvimento da sustentabilidade. Os problemas e as soluções devem ser desenvolvidos no contexto de toda a cadeia de valor para que se realize uma mudança significativa e se avance de uma forma que beneficie todas as pessoas.

Um novo relatório da Bain & Co e do Fórum Económico Mundial sobre a transformação do sistema alimentar global salienta que a "colaboração empenhada" é essencial para "expandir modelos de demonstração promissores e alcançar mais rapidamente a ambição coletiva de construir melhores sistemas alimentares".

Na sua análise de sete exemplos sólidos de países "precursores" de todo o mundo, afirma: "Os desafios atuais do sistema alimentar exigem o acionamento simultâneo de muitas alavancas, incluindo políticas governamentais e ferramentas relacionadas, parcerias público-privadas, financiamento, inovação tecnológica, ações empresariais e coligações de várias partes interessadas. Cada perfil do país precursor representa um conjunto de exemplos valiosos de mudanças em grande escala a nível nacional. Coletivamente, demonstram o potencial destas alavancas se aplicadas em conjunto e com maior urgência para acelerar a transformação dos sistemas alimentares liderados pelos países."

Inovação aberta através da colaboração

Um exemplo de inovação aberta na prática é orientado pelo , da Universidade de Cambridge. O Open Innovation Forum é um consórcio de empresas do setor alimentar e de bebidas que se reúnem para partilhar ideias e inovação e considerar abordagens colaborativas para a resolução de problemas. O grupo inclui os principais fabricantes e organizações da indústria alimentar e de bebidas, incluindo fornecedores de ingredientes e materiais, fornecedores de tecnologia, proprietários de marcas, retalhistas e empresas de desperdício e reciclagem.

Dominic Oughton comenta o seu valor: "Um dos verdadeiros fatores de sucesso do Fórum é o facto de reunir diferentes perspetivas ao longo da cadeia de valor. Não é imediatamente óbvio por que motivo isso é importante, até começarmos a pensar nos grandes desafios, cujo lugar central é ocupado pela sustentabilidade. E isso porque se trata de um problema a nível do sistema, que, por definição, não pode ser resolvido de forma permanente numa base individual entre quaisquer dois intervenientes nesse sistema".

O desafio da transição para embalagens sustentáveis é um desafio que todos enfrentamos, mas nenhum de nós possui mais do que uma pequena parte do problema. É fácil para as empresas individuais proporem alterações que podem ter impactos globais negativos. Para a Domino, trabalhar com o Open Innovation Forum proporciona uma perspetiva mais ampla e uma série de contactos a montante e a jusante da cadeia de abastecimento, com os quais podemos desenvolver soluções para o desafio da sustentabilidade. Seria quase impossível se estivéssemos a tentar resolver isto sozinhos. Fazer parte de um grupo onde estes tópicos são discutidos e onde as empresas podem ouvir outras perspetivas e atualizações, à medida que a visão da indústria evolui, é crucial para o nosso sucesso mundial na abordagem destas questões globais.

Desenvolvimento de embalagens sustentáveis

Entre as questões que estão a ser ativamente discutidas no âmbito do Open Innovation Forum estão as considerações em torno da adoção de novos materiais de embalagens, tais como materiais compostáveis e recicláveis, cujas considerações incluem:

  • a necessidade de garantir que as embalagens têm o desempenho esperado sem afetar o prazo de validade do produto;
  • a necessidade de garantir que as embalagens podem ser processadas e geridas pela tecnologia de fabrico nas linhas de produção;
  • a necessidade de formar os consumidores para garantir a eliminação correta do material no fim de vida útil; e
  • a necessidade de garantir que o material pode, de facto, ser adequadamente gerido pelas empresas de desperdício e reciclagem.

Os desafios em torno dos novos sistemas de embalagem também estão a ser discutidos, incluindo os depósitos de retorno para reciclagem e as embalagens reutilizáveis ou recarregáveis. Estes novos sistemas exigem uma mudança radical no design e na gestão das embalagens, na tecnologia e nos sistemas, para garantir a rastreabilidade das embalagens através das cadeias de abastecimento, bem como novas soluções criativas para a codificação e marcação e para a etiquetagem dos produtos, a fim de facilitar a sua utilização e eliminação. Em todos os casos, a colaboração entre marcas, fornecedores de embalagens, retalhistas e parceiros tecnológicos da indústria alimentar e de bebidas torna-se crucial.

Em suma, para terem sucesso, todas as partes interessadas na cadeia de valor das embalagens têm de trabalhar em conjunto para criar e validar soluções que sejam interoperacionais, não confidenciais, utilizando uma arquitetura aberta que esteja disponível para todas as pessoas.

Conclusão

A sustentabilidade não pode ser alcançada de forma isolada. Para abordar este problema a nível do sistema e fazer uma diferença significativa, temos de olhar para fora das nossas empresas e colaborar e trabalhar em rede com os intervenientes de toda a cadeia de abastecimento. Só através de uma atitude aberta poderemos encontrar soluções que funcionem numa perspetiva social, de negócios e de rentabilidade e garantir que qualquer progresso não terá um impacto negativo nos processos posteriores.

[i] https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/MEDAR-10-2020-1051/full/html.

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